Quebra-vento
Ar condicionado, para os moradores da selva de pedra, costuma ser a linha que separa uma existência miserável de uma civilizada. No passado, o que você tinha no lugar era um quebra-vento, uma magnífica peça triangular de vidro à frente da janela dianteira, ela girava para direcionar o ar para o interior do carro e refrescar os passageiros. Pegar uma via expressa em alta velocidade resultava em bastante ar fresco, mas, com o aumento populacional nas cidades, as altas velocidades foram substituídas por um trânsito intenso, dando fim ao quebra-vento.
Maçanetas de vidro
Quase todos os que leem este post provavelmente cresceram em um carro com maçanetas de vidro. São baratas, são confiáveis, são leves e fazem você se exercitar para tomar um pouco de ar fresco. Características que as removem do pool genético da indústria automotiva. Não ajuda o fato de, mesmo no mais belo dia, todos ficarem engarrafados com o ar condicionado.
Chaves
A ideia de usar uma chave para operar o carro foi implementada pela Cadillac, seus produtos foram os primeiros a usar o sistema de ignição de Charles Kettering, deixando seu carro mais fácil de ser roubado. Com o passar do tempo, os bandidos se aperfeiçoaram, com o uso de chaves-mestras ou ignorando-as completamente com ligações diretas. Com a tecnologia dos computadores e a popularização e aperfeiçoamento dos sistemas sem chaves, o pedaço de metal começa a perder espaço para seu equivalente digital. Atualmente é comum encontrar carros com um transmissor de rádio de curto alcance no chaveiro e um botão de partida. Ainda vêm com chaves metálicas de emergência, mas é uma questão de tempo para que desapareçam.
Bancos de vinil
Se você é um pouco mais velho, a sensação de um banco de vinil escaldante transformando suas coxas em torrada é uma lembrança dolorosa. Você logo aprendeu a sentar sobre o tecido dos shorts e se esticar no banco, de outra forma, o revestimento de vinil, quente como a superfície do sol que o deixou assim, deixaria marcas na sua pele. Com a queda no custo das outras matérias primas, e pais preocupados em não assar os filhos, os bancos de vinil começam a virar raridade. Acredite ou não, ainda podem ser comprados como opcional no Toyota Prius básico.
Caixas de transferência
Dirigir fora-da-estrada costumava ser um teste de masculinidade. Você tinha que saber das coisas; o que significava uma reduzida, como acionar manualmente a roda-livre, e acima de tudo, tinha que ser um mestre nas técnicas secretas de uso da caixa de transferência. Versões eletrônicas, totalmente sincronizadas com o uso de um botão, transformaram a segunda alavanca ao lado da de câmbio em uma peça de museu. Deve durar bastante tempo nos veículos originais, mas nunca mais deve voltar à linha de produção.
Bancos retráteis na caçamba
Quando um homem matou os bancos na caçamba do Land Rover Discovery, um pedaço de todos nós morreu junto. Quantas vezes não assistimos em filmes o mundo desaparecer atrás de uma nuvem de poeira, o herói salvando a mocinha. Claro que estamos tecnicamente “mais seguros” sem eles, mas estamos mais felizes? Acho que não.
Estar perdido
Para ir a qualquer lugar costumava ser assim, você tinha um guia de ruas no porta-luvas e seu senso de direção. Era preciso ter noção de espaço, planejamento, atenção às placas e, às vezes, um pouco de sorte. Agora, os sistemas de navegação estão se transformando em um equipamento comum, até em modelos mais básicos. Em alguns anos, será difícil não encontrar um GPS nos carros decentes. Sem considerar sistemas pré-instalados, unidades portáteis estão perto da barreira dos 200 a 300 reais, tornando-as acessíveis à maioria dos motoristas. Sempre haverá aqueles que não largam seus mapas, mas seus filhos não vão ser um deles.
Acendedores de cigarros
Quanto menos fumantes, menos acendedores nos carros. Não somos fãs de fumar no carro, já que isso geralmente causa queimaduras nos painéis e tecidos, mas, ter no carro uma fonte de fogo ao alcance pode ser útil. Pelo menos oferece horas de diversão para adolescentes inconsequentes (redundância?). E quem pode se esquecer de como é limpar o porta-chiclete em que se transformam os cinzeiros. É interessante notar que os acendedores, e os cinzeiros que os acompanham, são alguns dos últimos objetos que sobreviveram aos bons tempos. Quando desaparecem completamente, morre junto um pouco da elegância.
Ficar com o braço para fora do carro
Talvez a coisa mais traiçoeira da lista, é um dos maiores prazeres na vida de um obcecado por carro. Ficar com o cotovelo para fora da janela em uma agradável noite de verão, passeando pela cidade com sua cara-metade ao lado, ao som do radio e do barulho do motor. Não há nada melhor para um aficionado por carros. Assim como os quebra-ventos, esse passatempo está com os dias contados por causa do ar condicionado, como também das leis de controle de impactos laterais, que jogam as janelas para cima. Hoje em dia há poucos carros no mercado nos quais é possível ficar com o braço apoiado na janela de forma confortável, e estaremos tristes quando não houver nenhum. Por sinal, em nosso comparativo de muscle cars, o único dos três em que é possível ficar assim confortavelmente foi o Mustang. Camaro? Challenger? Sem chance.
O perigo da morte
Atualmente, é possível encontrar carros com dois air bags frontais e outros para os joelhos e tórax, air bags laterais, traseiros para o tórax e até um air bag traseiro central. Os carros têm controle de velocidade (piloto automático) adaptável, podem frear automaticamente para parar o carro, detectar objetos nos pontos cegos, proteger pedestres de colisões frontais, tencionar o cinto de segurança, proteger seu pescoço em colisões traseiras, e usar os freios automaticamente para evitar um capotamento. Cedo ou tarde, tirando casos excepcionais de estupidez, os carros vão se tornar praticamente à prova de morte. E lá se vai o medo como motivação para uma direção responsável.
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